quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Bungee-jump

Sinto que me perdi no meio do caminho, mesmo sabendo que não existe caminho certo. Chegou certo ponto em que parei pra olhar e era como se estivesse seguindo uma linha tangencial ao meu verdadeiro eu, escondido em algum lugar frio e úmido. Mas qual eu? Quem sou eu?! Já não sei mais.

Me perdi nos entremeios de uma universitária revoltada com a vida e uma recém formada buscando aprovação. Me perdi na pressão social de ser uma “personagem de novela”: filha perfeita, amiga exemplar, formar uma família heteronormativa digna de comercial de margarina e ser bem sucedida profissionalmente. Digo me perdi, não por serem objetivos ruins, mas por não serem congruentes com meu euzinho que só queria relaxar tomando um vinho e mandar o mundo a merda.

Uma corda de bungee-jump atada aos meus tornozelos repetidamente me jogava de cima a baixo. Você é boa, você é ruim, você é bela, você é tão feia quanto um autorretrato cubista. Até que ao ir pra cima resolvi me soltar e finalmente voar. Voar pra longe de tudo isso, toda essa pressão social, toda essa autodepreciação. Decidi que se for pra sentir dor, que sejam as minhas e não as que escolheram por mim. Se for pra ser feliz, que seja de verdade. Se for pra ser criticada, vou abrir meu vinho que eu ganho mais.


sábado, 21 de novembro de 2015

Vingança

Tem gente que é assim mesmo,
Não dá valor ao que tem.
Depois que perde ainda reclama como se tivesse razão.
Já tive vontade de matar muitos desses "alguéns".
Te agredir de qualquer forma que fosse te faria crer em sua utópica imensidão,
Mas aqui já não tem mais nenhuma criança,
E no fundo, eu sei que te esquecer foi a minha maior vingança

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Pra ter amor

Passo tanto tempo, tanto tempo
Nesse inverno eterno
Querendo um pouquinho de verão
Pro meu coração

Mas o tempo passa e congela meus singelos versos
Faz uma friaca no meu corpo, na minha emoção

Um dia acreditei que viria um abraço terno
Quebrar esse ciclo de má sorte, de confusão,
Foi quando percebi que não estava no caminho certo,

Pra ter amor,  tem que aprender a ser completo, 

Pra ter amor, tem que olhar pro lado certo


E o lado certo é o seu interior
Só quem se ama sustenta um novo amor.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Toda vez que te vejo

Há em mim uma guerra: coração e orgulho
Será que te falo o que sinto,
Será que me calo no escuro?
Se eu fugisse você viria atrás,
Ou seria um adeus, até nunca mais?

Vontade desde o primeiro olhar
De uma forma diferente das outras
Com você eu queria ficar, amar
Se o amor é uma via de duas mãos,
Como pude sentir e você não?

De qualquer forma a vida segue
Com o coração de certo modo apertado
E ao mesmo tempo leve
Seria brincadeira da vida?
"Isso é amar um idiota, querida"

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Epifania

     Meia noite, insônia. Deitei e forcei o sono para conseguir ir pra aula de manhã. Acordei com o despertador, ao desligá lo, percebi que não estava em casa. Caminhei poucos metros até algo que parecia um totem, onde havia um bilhete com poucas e confusas palavras: "enxergue a saída". 
     Amedrontada, caminhei rapidamente tentando observar algum escape, mas a cada passo mais neblina surgia. Nada se podia enxergar. A sensação era estranha. Percebi que não estava sozinha. Suaves brisas batiam, cada hora de uma direção, cada hora trazendo um sentimento. Minha cabeça começou a doer e repentinamente me vieram memórias atropeladas por memórias. Concomitantemente surgiram imagens irreais de futuros. Era um turbilhão de pensamentos e dúvidas. Eu esfregava os olhos e tentava enxergar a saída, mas nada podia ver, apenas os filmes passavam por minha mente e me perturbavam. Sentei e comecei a chorar. Chorar de dor, desespero, mas acima de tudo, de incertezas. Via ali mil possibilidades de escolhas, futuros. Gritei. Foi quando as imagens saíram da minha mente e solidificaram, a neblina se esvaiu. 
     Centenas de portas surgiram ao meu redor, cada uma transmitindo como em telas, um plano diferente da minha vida. Eu podia enxergar agora, porém, mais do que suportava. "Enxergue a saída", pensava. Fechei os olhos pra tentar apagar as visões por pelo menos um segundo e senti a tal presença que me acompanhava. Era interna. Algo em mim me dizia o que fazer e não me deixava sentir solidão. Era como uma voz que não usava palavras, mas sabia o que era certo. Caminhei pelo ambiente com os olhos fechados, a cada porta que se aproximava, sinestesia. Umas me deram frio cinza, outras excessivo calor em camurça. Segui assim por todas, até que a voz sinestésica me "dissesse" para entrar. Foi quando chegou a porta. Aquela porta. Ela era calorosa, porém delicada como seda e azul como alegria. Eu seguia com os olhos fechados, não podia ver o que se transmitia nesse futuro, mas sabia que era ela, a porta. 
     Acompanhada pela voz, pela ansiedade que esses sentimentos me causavam e pela taquicardia, mais pra arritmia, decidi que era a certa. Entrei. Senti que meu coração parou por alguns segundos, uma voz alta e clara ressoou: certas coisas não se enxergam com os olhos, minha menina. Um apito cortou todo o momento, abri os olhos, tinha acabado o tempo de soneca do despertador.

sábado, 31 de agosto de 2013

Reciprocidade: Leia a bula

Ao se tratar de vida e vivência, as frases “Tudo o que vai, volta” e “Aqui se faz, aqui se paga” são bem famosas. Parecem nunca perder importância e significado. Mas também não perdem a negatividade. Creio que são utilizadas veementemente em situações adversas e nunca nas positivas partes da vida. Se as coisas ruins voltam, às boas não se aplica a essa regra?
            Agora vamos tratar de pessoas. Você deve ter amigos, casos, colegas, familiares, namorado/a, marido/a, etc.(Ou apenas conhecidos – parte dedicada aos antissociais). Passamos uma vida toda tendo que nos relacionar uns com os outros. Fato. E quando conhecemos melhor as pessoas, esperamos a tal reciprocidade. Agora para e pensa: Alguém aqui é Virgem Maria e não comete erros? Nãão. E alguém aqui espera reciprocidade de coisas negativas? Creio que na maior parte dos casos (exceto pessimistas, os caras do PCC e quem sofre da síndrome da falta de caráter), nããão. Mas se esperamos que as coisas boas voltem, às ruins não se aplica essa regra?
           Concluindo: se quer uma reciprocidade positiva da vida, faça coisas boas. Caso contrário, não reclame. Se espera que seus relacionamentos tenha uma recíproca boa, cuide suas atitudes, porque as ruins também voltam. Não sou eu, é a simples regra: reciprocidade não se aplica a bom ou ruim. É apenas um reflexo. Se não quer receber em troca, não faça. Se fizer e fizerem o mesmo, não chore. E se fizer e quiser cobrar algo do outro pelo simples fato dele não saber, assuma o título de hipócrita (dizem que isso aí dá câncer). Prós e contras colocados, hora de decidir se vale a pena.

domingo, 2 de setembro de 2012

O Nada

   No meio do nada apareceu um objeto. Assim mesmo, do nada.
Mas não era um nada qualquer, era um nada observado. Foi quando o observador resolveu nomear o objeto incomum de XHZ-072, por motivos que não vem ao caso. Ao ser nomeado, o objeto mudou sua forma peculiar para algo parecido com uma esfera. Então o observador passou a chamá-lo de bola. Revoltado, o objeto mudou novamente sua aparência, dessa vez ficando parecido com um quadrado de linhas espessas, e mais uma vez o observador mudou seu nome e começou a chamá-lo de janela. E assim permaneceu o objeto, por muito tempo, em forma de janela.
   O observador revoltado com a forma quadrada que o objeto tinha tomado resmungou sozinho: “Te conheci tão diferente, o XHZ-017 tinha ondas coloridas, formas inusitadas, e ao passar do tempo vi em você apenas uma janela... uma janela sem movimento, apenas um quadrado idiota”.
   Foi quando o objeto pela primeira vez falou: “Nunca deixei de ser o que fui, me tornei o que você quis ver, você é apenas um mero observador que nas tentativas de me nomear não percebeu que o nada é uma folha sulfite em sua escrivaninha e que eu continuo com meu brilho que seus olhos sedentos de coisas óbvias acabou por apagar. De início, fui o que realmente sou, hoje me desenhou por cima. Quem sabe se fechar os olhos e me deixar guiar a ponta do lápis eu possa tomar a minha verdadeira forma e te mostrar que seus olhos de tão abertos terminaram cegos ”.

   Cuidado desenhista, a pressão acaba por quebrar a ponta do lápis.