quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Alvenaria da vida

Surgimos ali, do nada. O que podemos ver é um grande amontoado de barro. Um passo, um tijolo. Dois passos, um pedaço de sua base. Alguns anos, uma parede e incrustadas nela, suas experiências. Mas e agora? Escondi alguns tijolos! Tijolos que me incomodam, talvez queira destruí-los. Destruí-los? Não, não quero destruí-los! Quero guardá-los para mim, apenas. A questão é: por que quero tanto esconder algo que me trouxe até aqui?

Dor, dor foi a única resposta por mim encontrada. O medo da dor. O medo do julgamento. O medo de não ser amada. Mas espera... A palavra certa não seria medo? Independente do que for ambos assustam. Assustam-me... Assustavam-me. Parei para pensar se sou realmente feliz com o que sou e aonde cheguei. E sou. Sou absurdamente feliz com cada pedacinho da minha personalidade, cada pedacinho do meu corpo, cada pedacinho meu. Eles se encaixam tão bem, são tão moldados uns aos outros, uma verdadeira obra, e feita por mim. Céus! Vergonha da maior e melhor obra de arte da minha existência? Que equívoco tremendo. Vou empenhar-me em aprimorar, não em esconder.
O alívio chegou agora, que estou pronta para colocar todos os tijolos em seus devidos lugares. Não se engane ao ver uma parede defeituosa, afinal o defeito está nos olhos de quem vê. Essa é a minha casa, diferente da sua casa, diferente de qualquer outra casa. Nem grande, nem pequena, nem feia, nem bonita, porém cada uma com seu brilho. Cada estrutura tem sua singularidade, são os tijolos que fazem de você, alguém tão especial.

“Se as expectativas magoaram, foi porque me cativou. Obrigada.”