“Certa vez conheci uma garota, de coração bom, porém, muito ingênua. Se for bonita, feia, gorda, magra ou se já havia amado, não vem ao caso. O que interessa é que ela tinha o dom de se jogar de cabeça em suas relações. Eram sempre tão intensas que acabavam por se esgotar. Não dos dois lados, apenas para ela. Então chegava a dor sussurrando em seu ouvido: Ele sofrerá por você, a culpa é sua...”
Incrível como a dor é capaz de fechar as pessoas. A dor em si não digo, mas o trauma que ela causa. Faz com que o exterior vá se tornando mais denso, impenetrável. Um coração calejado. Lastimável. Então percebi algo que nunca me disseram e terão que concordar. Até a álgida dor, tem seus sentimentos.
“Percebendo a impenetrabilidade da menina, a dor com sua única habilidade resolveu ajudá-la. Aparentemente piorou a situação, mas não foi bem assim. Tal funesto período, resultou na liquefação da capa de gelo que a cobria...”
E aí está. O que por ela foi colocado, por ela foi retirado. Reprodução do mar.
Hoje a garota arrisca-se novamente, vestiu o sorriso que há muito estava trancafiado em seu armário e seguiu em frente. Segue o tempo com calma e a maturidade adquirida também ajuda. Vaga por aí correndo atrás de seus sonhos. Periga levar outro tombo, mas está disposta a aventurar-se. Seja em praças, igrejas, esteiras rolantes ou lojas de móveis; ela vai, não duvide.
Boa sorte, menina. Vejo muita sorte em sua nova jornada.
Depois da tempestade, vem a calmaria (creio que um pouco apimentada).