quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sobre ela

“Certa vez conheci uma garota, de coração bom, porém, muito ingênua. Se for bonita, feia, gorda, magra ou se já havia amado, não vem ao caso. O que interessa é que ela tinha o dom de se jogar de cabeça em suas relações. Eram sempre tão intensas que acabavam por se esgotar. Não dos dois lados, apenas para ela. Então chegava a dor sussurrando em seu ouvido: Ele sofrerá por você, a culpa é sua...”
Incrível como a dor é capaz de fechar as pessoas. A dor em si não digo, mas o trauma que ela causa. Faz com que o exterior vá se tornando mais denso, impenetrável. Um coração calejado. Lastimável. Então percebi algo que nunca me disseram e terão que concordar. Até a álgida dor, tem seus sentimentos.
“Percebendo a impenetrabilidade da menina, a dor com sua única habilidade resolveu ajudá-la. Aparentemente piorou a situação, mas não foi bem assim. Tal funesto período, resultou na liquefação da capa de gelo que a cobria...”
E aí está. O que por ela foi colocado, por ela foi retirado. Reprodução do mar.
Hoje a garota arrisca-se novamente, vestiu o sorriso que há muito estava trancafiado em seu armário e seguiu em frente. Segue o tempo com calma e a maturidade adquirida também ajuda. Vaga por aí correndo atrás de seus sonhos. Periga levar outro tombo, mas está disposta a aventurar-se. Seja em praças, igrejas, esteiras rolantes ou lojas de móveis; ela vai, não duvide.
Boa sorte, menina. Vejo muita sorte em sua nova jornada.

Depois da tempestade, vem a calmaria (creio que um pouco apimentada).