quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Bungee-jump

Sinto que me perdi no meio do caminho, mesmo sabendo que não existe caminho certo. Chegou certo ponto em que parei pra olhar e era como se estivesse seguindo uma linha tangencial ao meu verdadeiro eu, escondido em algum lugar frio e úmido. Mas qual eu? Quem sou eu?! Já não sei mais.

Me perdi nos entremeios de uma universitária revoltada com a vida e uma recém formada buscando aprovação. Me perdi na pressão social de ser uma “personagem de novela”: filha perfeita, amiga exemplar, formar uma família heteronormativa digna de comercial de margarina e ser bem sucedida profissionalmente. Digo me perdi, não por serem objetivos ruins, mas por não serem congruentes com meu euzinho que só queria relaxar tomando um vinho e mandar o mundo a merda.

Uma corda de bungee-jump atada aos meus tornozelos repetidamente me jogava de cima a baixo. Você é boa, você é ruim, você é bela, você é tão feia quanto um autorretrato cubista. Até que ao ir pra cima resolvi me soltar e finalmente voar. Voar pra longe de tudo isso, toda essa pressão social, toda essa autodepreciação. Decidi que se for pra sentir dor, que sejam as minhas e não as que escolheram por mim. Se for pra ser feliz, que seja de verdade. Se for pra ser criticada, vou abrir meu vinho que eu ganho mais.


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