terça-feira, 2 de março de 2010

Yoshi

Pequena Juliana comemorava seus oito aninhos de idade. Mamãe pergunta: “Quer o quê de presente filhinha?” e a menininha diz: “Um Cachorro!”
Bom, foi aí que tudo começou...
Fomos a uma pet store, procuráva-mos por um poodle. Devia ter uns seis lá na loja, todos galgando e grunhindo. Exceto por aquele menorzinho, lá no cantinho. Fitava-me sem intermediar. Parecia mais feliz que os outros, não era uma felicidade insana. Ele não pulava, apenas observava com carinha de sabido. Sua cor era diferente da de seus irmãos. Branco, porém avermelhado nas extremidades. Só tinha olhos para ele.
Toquei seu pelo, posicionei seu corpinho em meu colo desajeitado de criança. Clamei: “É ESSE!”.
Pude ficar com ele por um dia, só nos encontraríamos definitivamente depois que desmamasse. Dia marcante, feliz, desconcertante, inesquecível. Lembro do hálito de filhote me lambendo enquanto rolava no tapete da sala. Mordia-me com suas gengivas rosadas. Ainda não tinha dentinhos. Fazia cócegas. Hora de levá-lo de volta para sua mãe.
O tempo demorava a passar. O dia chegou. Fui buscá-lo. Lá estava ele, paradinho observando minha aproximação. Seu único movimento era o da cauda, balançava tão rápido que mal se podia ver. Chegamos em casa e seu latido não deixava dúvidas, sabia que era seu lar.
Hoje estou aqui, refletindo. Pessoas de tantos gêneros, nesses nove anos, já passaram por minha caminhada e se foram. Muitas não acrescentaram nada. Mas o Yoshi está aqui. Dorme no chão, toma banho uma vez por semana, come do mesmo todos os dias e apanha muito por urinar em locais inapropriados. Já ouviu meus gritos, choros, risadas, segredos, loucuras... Tenho certeza, não há no mundo alguém que agüentasse tudo isso. Ele agüenta. Maior que essa habilidade, é a que ele tem de perdoar. Posso gritar um dia inteiro, ele apenas abaixa a cabeça. Mas ao dar um mísero olharzinho de arrependimento, lá vem o peludinho, balançando seu rabinho. Consigo ver seu sorriso sob os pelos. Já me perdoou. Quando saio, às vezes por menos de 10 minutos, e volto pra casa, está me esperando na porta, latindo, em todas as vezes. Amor, amizade, devoção. É completamente grato por tudo que tem, mesmo não sendo muito. Sinceridade, sempre com boas intenções.
Mal sabe, entretanto me acrescentou muito. Minha infância, você está escrito nela. Faz parte dela. Agora, em sua velhice, te darei tudo que precisar. Você merece mais do que qualquer ser humano. Obrigada amicão.

Te Amo Yoshi!

3 comentários:

  1. Maravilhoso. Eu Também amo o Yoshi, demasiadamente! Mesmo que pelas poucas vezes que adentrou minha casa ele tenha feito cocô na sala HAAHAHAHAH.

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  2. lembrei do pupe =( ele era mo firmezão!

    Ju, sem palavras!
    escreve muito

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